10.11.08

diários #6




  • Do outro lado da mesa, a voz. A descrever imagens, a sugerir pormenores: o jardim, a oliveira, o jovem cipreste, também o tanque, os peixes… O corpo na esteira do sol a entrar pelas vidraças, na morna lassidão que invade a sala olho os pássaros pintados nos leques, imagino-os a esvoaçar sob o véu de gotículas douradas, as borboletas a pousarem nas pálpebras…os nenúfares e o menino a deitar água na taça e a água a escorrer no lago…a fazerem cócegas, desato a rir, esfrego os olhos. A voz pára. Espera silenciosa a saber o que virá a seguir, percebe a ideia? A cabeça acena em silêncio, agora? agora vou admirar as aves do paraíso...

2 comentários:

clarinda disse...

Diria que estava lá a presenciar o diálogo, a seguir a voz, a quem a escuta, a esperar em silêncio e a admirar as aves. Será isto perdurar, moriana? Eu que já li várias vezes este excerto e que só agora fui capaz de lhe ver a limpidez do fundo?

Beijinhos e bom fim-de-semana.

moriana disse...

Este diálogo (ainda que pouco eloquente de um dos lados) é quase o corolário de outros que te havia contado(digo "quase" porque estou certa de que outros se lhe seguirão).

Só h´duas coisas a fazer: ou ignoramos a voz, ou fixamos um ponto (que pode muito bem ser uma ave do paraíso;)e deixamos voar pensamento e imaginação.

bjs, bom domingo :)