9.1.09

digamos:

eis uma flor
um débil mundo de pétalas
aberto


digamos: uma cor
mais roxa de nossas dores escolhida

digamos: um ribeiro
um local habitável para a flor
a inventar

digamos: um perfume
impresso
na flor à beira-água

digamos: a memória
diluída
no perfume da flor


por fim
digamos: uma violeta
eis a flor


A.M.Pires Cabral, Antes que o Rio Seque



Fotografia de Katia Chausheva

4 comentários:

clarinda disse...

Digamos: é a tua flor preferida.

bjs

moriana disse...

Digamos: é verdade.

bjs.

Jaime A. disse...

Uma flor, um mundo.
Cascatas esgueiram-se
pelas sombras tarde.
A violeta deixa-se cercar
pelos pinguitos;
pétalas aguadas,
memórias diluídas,
relento oculto.
Aquele perfume,
sobrepõe-se
ao inodoro da água movente.
Temo a vingança,
as águas cingem
a débil violeta,
que em tons de segredo,
vai sorrindo aos campos,
ao ribeiro de mansinho:
eis esta flor, abundante de si!

moriana disse...

eram os ribeiros, saltávamos os ribeiros e elas ali estavam, entre as folhas, brancas e violeta...as violetas.
era assim :)

bj.