Se colocares as tuas mãos sobre esta folha, ela deixa de ser minha. É neste instante que talvez a sintas estremecer um pouco; eu hei-de guardar apenas um gesto que tinha ficado prometido. Será assim tudo o que se espera? As palavras estão aqui mas não existem. Julgas reconhecer o que já esqueceste e procuras encontrar qualquer sentido nessa ausência. Depois, levantas as tuas mãos. O que hás-de ler será ainda mais simples.
Fernando Guimarães, A Página
in Na Voz um Nome
4 comentários:
adorei!
abraços
quando pousaste a tua mão macia
nestas letras trémulas,
esse teu gesto,
mais do que prometido,
era ausência.
As letras,
em giroscópico lance,
fundiam-se pela madrugada,
obscura, ressonante,
triste na sua geografia.
Caminhava, ia,
soprando as páginas,
que houveras tocado,
delicada em ardor grácil,
mavioso.
A madrugada,
vazia, destituída,
entre brumas,
já te não tolerava
a decifração...
Bem vindo, Mr. Jones :)
outro poema na senda do poema
:)
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