16.7.09

tarde de julho






...quanto era triste a brisa entre as oliveiras
naquela hora precisa daquela tarde.
Afirmo, contudo, que a desejei
como por vezes se deseja um coágulo de sangue e de esperança

... reclinada sobre o flanco, esgotada
ao ponto de não me reconhecer

...os olhos fechados sobre o tempo
que se esfarela. As perguntas da existência estão todas ali,
com calma
se juntam para além do novelo dos sentimentos.


Lucilio Santoni
in Corpo di guerra (excertos de poemas)
trabalho sobre imagem de Katia Chausheva

8 comentários:

simplesmenteeu disse...

...como um lamento ou uma caricia breve.
Dedos brancos... a marcar a vertigem dos dias.
A tecer o mistério dos sentimentos...

Mais uma vez, a fina delicadeza das tuas escolhas.

beijo terno

Unknown disse...

a perpectiva da perda faz-nos questionar tudo ... mas a mudança apetece

beijo

clarinda disse...

Olá linda!

escreve.me
bj

Jaime A. disse...

...a brisa entre as oliveiras,
num fim de tarde,
uma tristeza rolava
por sobre o olival
que,
de tão quieto,
trazia preso a si
o anoitecer cálido de um Maio.
Era aquela hora da tarde
em que se deseja a sombra
entre os fios de erva,
deslizando,
qual cobra espreguiçando-se
em anéis de tonteria.
Não sei dos meus sentimentos:
devem espraiar-se algures...
algures entre o flanco
da surda casa
e o já provecto assento
tão coberto das memórias
de raios de Sol nublados...

moriana disse...

e como se deseja uma brisa fresca quando o calor é insuportável! o calor é sempre insuportável...

:)

moriana disse...

a lucidez vem depois da perda e então a mudança pode ser um bálsamo

outro :)

moriana disse...

Clarinda, como vai o norte?

escreve.se, por aqui, ou vai-se escrevendo

:)

moriana disse...

o mês de Maio e eu sem a espiga, dependurada nos sons cristalinos do caça espíritos: as papoilas, os malmequeres, o trigo, o ramo da oliveira...

:)