Despetar já não é o que era. O poema de O’Neill a entrar enviesado no sono, corpo a estremecer a cada batida das horas, o coração, ah o coração! a ser arrastado e o som a repetir-se ãããã-ãããã-ããão, a saltar do rádio, a saltar dos plasmas gigantes no metro. Olhos mal despertos seguem o caminhar ondulante, sensual, envolto em sorriso insinuante, mancha rubra em sapatinhos que não são de cristal. A memória salta, e ali está outro poema, Leanor pela verdura vai fermosa e tão segura, mas o poema não é assim, - não é a história de Cinderela nem o caminhar de Leanor, - e a mão a espalmar-se, o sorriso a alargar-se, e a memória a saltar: na mão de O’Neill o coração cabia, o coração morreria, que perfeito coração morreria no meu peito morreria, meu amor na tua mão, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração. A memória a lembrar o coração efeito boomerang, que se lança em voo e volta, rubro de tanto sentir, como no poema de O’Neil onde o sorriso não cabe mas cabe, a transbordar, intensa, a saudade desse olhar, do teu olhar derradeiro, desse olhar que era só teu, amor que foste o primeiro. E já não apetece o metro, agora a vontade a resvalar para o autocarro, porque é bue, o som cristalino é bue.
2.8.09
diários #22
Despetar já não é o que era. O poema de O’Neill a entrar enviesado no sono, corpo a estremecer a cada batida das horas, o coração, ah o coração! a ser arrastado e o som a repetir-se ãããã-ãããã-ããão, a saltar do rádio, a saltar dos plasmas gigantes no metro. Olhos mal despertos seguem o caminhar ondulante, sensual, envolto em sorriso insinuante, mancha rubra em sapatinhos que não são de cristal. A memória salta, e ali está outro poema, Leanor pela verdura vai fermosa e tão segura, mas o poema não é assim, - não é a história de Cinderela nem o caminhar de Leanor, - e a mão a espalmar-se, o sorriso a alargar-se, e a memória a saltar: na mão de O’Neill o coração cabia, o coração morreria, que perfeito coração morreria no meu peito morreria, meu amor na tua mão, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração. A memória a lembrar o coração efeito boomerang, que se lança em voo e volta, rubro de tanto sentir, como no poema de O’Neil onde o sorriso não cabe mas cabe, a transbordar, intensa, a saudade desse olhar, do teu olhar derradeiro, desse olhar que era só teu, amor que foste o primeiro. E já não apetece o metro, agora a vontade a resvalar para o autocarro, porque é bue, o som cristalino é bue.
Etiquetas:
diários;um despertar
6 comentários:
É bué de fixe este teu texto!
;)
Beijo
eu penso que este texto é mesmo...trué
voce e bue :)
bj.
tanto que se poderia dizer sobre o poema e...o resto ;)
(true é bom, também)
De volta pois...
Bonito diário... os poetas andam por aí nas ruas ou nas nossas mentes. Não vale a pena mais nada.
Beijinhos
para mim é mais a poesia a estremecer em cada canto, os poetas, bem, gente como nós, penso...
boas férias :)
bj.
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