gosto de ver crescer erva azedinha, trevo e lírios debaixo dos pinheiros nos campos que espreitam a estrada, gosto da casa isolada e do pequeno sino pendurado num arco do alpendre e de pensar que se o tocasse despertaria vozes cativas, gosto dos azulejos nos muretes do jardim do palácio com nome de árvore, gosto de me sentar no jardim perto da árvore cheia de segredos com chaves, fechaduras e aldrabas muito antigas, gosto de imaginar que a sétima chave abre a sétima porta que nunca deve ser aberta...
1 comentário:
É bom gostar de gostar. E gosto do sulco do estilete bradado na pele branca onde pertencem as letras, loquela e sebenta de cabeceira. E gosto do sorriso alfabético arqueado acolá, do odor vogal do pinheiro anichado na letra O, ou do frontispício da letra M, da arcada consoante da letra A, prenunciando a entrada majestosa e colossal para os sentidos da perceção e da semântica aprisionados no gosto disto gosto daquilo que o café arrefece enquanto as ramas do renque de árvores da rua derramam verdes e oxigénio que se exclamam para nos jubilarmos mais tarde nas palavras do gosto e da alfazema. Gosto do silêncio do grito defenestrado ao caminho onde se misturam os passos estugados dos transeuntes vindos de lugares incertos.
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