Este artefacto, a bicicleta a contra-luz junto ao mar, lança-nos no indefinível do tempo que passa,
As árvores falavam. Não escutavas, rias-te. Mas falavam, diziam coisas. Seguia-te, desaparecias, cruzavas-me a corrida lenta. Se eu escutava as árvores!
do tempo que se suspende, no indefinível da subtil operação de exumar o tempo, os seus voláteis princípios, o regresso à terra.
O desenho na caruma, o zig-zag da pedalada e eu parada. A aragem na folhagem, dizias. Impaciência, e o guiador preso ao ramo frágil. Mesmo assim eu escutava as árvores.
E assim, o que produz esta bicicleta, esta singularidade de um fim de tarde, este esquema de sombras equilibrado num poste junto ao mar?
Gemia o ramo, soltei-o. Em velocidade acrescida, pensavas puxar-me. E eu parada, e o ramo solto. Escutava as árvores e elas gritavam. O som quebrado, metálico, na curva. Paraste.
E as árvores fecharam-se completamente em si mesmas e nunca mais falaram. *
Traduz a comovedora articulação entre fuga e permanência, ausência móvel, e presença parada, de que ela é a mágica, improvável concretização.
As árvores falavam. Não escutavas, rias-te. Mas falavam, diziam coisas. Seguia-te, desaparecias, cruzavas-me a corrida lenta. Se eu escutava as árvores!
do tempo que se suspende, no indefinível da subtil operação de exumar o tempo, os seus voláteis princípios, o regresso à terra.
O desenho na caruma, o zig-zag da pedalada e eu parada. A aragem na folhagem, dizias. Impaciência, e o guiador preso ao ramo frágil. Mesmo assim eu escutava as árvores.
E assim, o que produz esta bicicleta, esta singularidade de um fim de tarde, este esquema de sombras equilibrado num poste junto ao mar?
Gemia o ramo, soltei-o. Em velocidade acrescida, pensavas puxar-me. E eu parada, e o ramo solto. Escutava as árvores e elas gritavam. O som quebrado, metálico, na curva. Paraste.
E as árvores fecharam-se completamente em si mesmas e nunca mais falaram. *
Traduz a comovedora articulação entre fuga e permanência, ausência móvel, e presença parada, de que ela é a mágica, improvável concretização.
em itálico: excertos de poema de Luís Quintais
* As Crónicas de Narnia - o príncipe Caspian
fotografia de Anke
4 comentários:
Três vozes aqui, uma filosófica, outra sensitiva, outra infantil. Gosto destes diálogos.
Já não me lembro de andar de bicicleta, acho que nem sei mais.
Beijinhos
Clarinda, dizem que é coisa que não mais se esquece, andar de bicicleta.
As crónicas de Narnia..tanto que os adultos aprendem ao lê-las (vê-las)...Encantamento, também. O resto é o que se saber.
bjs.
Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão.
olá, bem vindo(a), FB.
a tua citação: Lao-Tsé.
:)
volta sempre.
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