2.9.08

Dizemos flor e a língua fica com um sabor a pétalas



Ela disse-lhe baixinho: «Uma flor branca pode ser uma arma mortal.»
...nunca mais lhe levou lírios.




A pedra. A pedra no ar.Uma coisa que voa.
Uma palavra que voa.

Ele recorda:«Peguei numa pedra e
atirei-a por cima do muro,
embrulhada num papel que dizia:
eis o meu coração, dou-to»

Infelizmente, ela não se sentara no
lugar do costume e a pedra acertou-lhe
em cheio na cabeça, com a aresta mais cortante.

Ao regressar a casa, cabisbaixo, pensou nos olhos dela.
Já não sabia se eram azuis ou castanhos. Já não sabia se
seriam capazes de o olhar, depois de conhecerem a verdade.

Repetiu baixinho, para si mesmo: «Uma flor branca pode ser uma arma mortal».
E acrescentou: «Um coração também»


José Mário Silva
Arma Mortal (excertos)
in Efeito Borboleta


Fotografia de Katia Chausheva

6 comentários:

clarinda disse...

Olá,

Setembro chegou e não dei conta, decerto ainda terei tempo de respirar de alívio antes que o Outono comece a pintar a paisagem.

O anjo não me abandona, nem me deixa adormecer.

Beijinhos e saudades.

CNS disse...

Uma flor de todas as cores para ti. :)
um beijo

petroy disse...

recordo-me de um episódio semelhante há muito tempo atrás e com outros contornos ... não tão dados a afagos ... não fiquei para ver o resultado ... ouvi antes o gemido ... por vezes ainda sinto o aperto (aqui tb no coração) do remorso

moriana disse...

clarinda, compreendo-te amiga. Vais conseguir, antes que as castanhas estalem, quentinhas, nas mãos :) A brindar, com vinho moscatel, pode ser?

Saudades também.

bj.

moriana disse...

violeta, pode ser? :)

outro, cns.

moriana disse...

petroy, a atirar pedrinhas às princesas?! (o que teria ocasionado tal gesto irado...;)

bjs.