4.1.09

O Crime Imaculado



(...)
E ficava sempre tudo por dizer, uma espécie de alívio em suspenso, uma alegria indecifrável que não podia dizer-se. Os nossos encontros tinham qualquer coisa entre a tentação e a confissão, mas havia um risco, um imenso risco a atravessar os olhares que íamos cruzando. Era um risco, esse sim, sem nome. Uma torrente amotinada à procura de nome. À procura de si.

Luís Carmelo

O Crime Imaculado in A Pé Pelo Paraíso
Publicações Europa-América

4 comentários:

Jaime A. disse...

O risco atravessava os olhares.
Assim era.
Assim seria sempre.
Mais do que tentação,
a tensão da dor,
da fuga,
de tanto que era deles,
de si próprios,
em trotes de adeus.
O alívio
era quase indizível,
não sentido.
Nunca dois olhares
haviam tido tanta carga
de tanto.
Um risco,
quase amotinação total,
(um submarino ao fundo...);
olhos pregados ao chão,
no peso da revolta,
dum arco em risco perfeito,
que não voltaria mais...

clarinda disse...

O título é muito sugestivo. Foram boas as tuas entradas?

Li ontem na Pública, na entrevista a Ivo Pitanguy, por entre tantas outras citações esta que encaixa lindamente no texto de L. Carmelo: 'A única maneira de se ver livre da tentação é não lhe resistir' O. Wilde.

Beijinhos e bom ano.

moriana disse...

e tantas coisas reunidas à mesa de um café...

um beijo, Jaime A.
:)

moriana disse...

Amiga, essa resposta já te a dei;)

Oscar Wilde era um génio (ele bem o declarou na alfândega, quando foi pela primeira vez aos EUA)

bjs

(já faltam poucos dias e eu sei que vi ser a nota máxima)