12.5.09

... da seiva que se descobre no limiar da casa



Assim se deixa uma casa
(a casa)
os garfos os copos os pratos a cama
o lume - a lenha ao canto da lareira -
o cântaro guardando o caminho entre a fonte
e a alegria,
a navalha escondida há mais de trinta anos,
a braseira a meio da cozinha
mesmo em frente ao postigo da porta

dois retratos pendurados na parede
recordavam a dor e o equilíbrio,
a estranheza de terem conservado
vários golpes de vento e mistério

não fora este o lugar do nascimento

apenas uma pausa

uma janela
há tanto tempo fechada

Ruy Ventura, a dor - o equilíbrio
in Assim se Deixa uma Casa

6 comentários:

anareis disse...

Estou fazendo uma campanha de doações para meu projeto da minibiblioteca comunitária e outras atividades para crianças e adolescentes da minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todas as pessoas de bom coração,pode doar de 5,00 a 20,00. Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS abençõe todos nos. Meu e-mail asilvareis10@gmail.com

Jaime A. disse...

A navalha,
restos de casa,
sem memórias,
nada.
Corte de vida,
"director's cut",
numa montagem
em jeito de poeiras,
um preto e branco desmaiado,
entre os dois retratos pendurados,
o cântaro (de)leite
de vidas esconsas.
"Special effects",
a braseira, o lume;
onde páram os duplos, os "stuntmen"?
Aqui é a vida,
só uma "acção",
entre um suspiro
e um tique do relógio...
Donde escorre o tempo?
Meus dedos percorrem
aquelas vidas,
impávidos.
Não!
Não fora este o lugar do nascimento

Parapeito disse...

...penso que se devia abrir a janela de par em par :)

*******

moriana disse...

anareis quando me pedem contributos para minibibliotecas é meu hábito enviar livros e não dinheiro.

moriana disse...

o lugar do nascimento pode ser, também o lugar da morte, Jaime A.

moriana disse...

Lembro um pequeno poema:

"quando o sol entra pelas janelas
saio à sua procura"

(mais ou menos assim, creio)

um abraço, Parapeito