Carlos a esticar o pescoço no cachecol, a descair o cigarro entre as palavras: posso fumar aqui? Fúria a empurrar a porta, a subir em espirais de fumo, soalho a ranger magoado. Então e a Isabel? Carlos a balançar cinza no cimo do cigarro, estamos zangados, não te vou dizer porquê, insultou-me, só te digo isto porque não te vou contar o que me disse. Olhos presos na trajectória da nuvem cinzenta, mãos a protegerem a mesa, olha lá, não me queimes os papéis! Carlos a saltar, a magoar ainda mais o soalho, hoje tudo me corre mal, os textos ainda não chegaram, nem sei quando vou sair. Carlos a soçobrar em tempestade, estás-me a ouvir? não estás, vou tomar um café. Olhos a voltarem aos papéis, mãos a limparem a cinza, sorriso a encostar-se à porta batida pela fúria.
Carlos a zangar-se quando está zangado com o amor. Carlos a enviar sms, a lembrar os programas que gosto de ver. Carlos a saber que a amizade não afronta as tempestades.
Carlos a zangar-se quando está zangado com o amor. Carlos a enviar sms, a lembrar os programas que gosto de ver. Carlos a saber que a amizade não afronta as tempestades.
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