19.1.10

uma migalha na saia do universo

(gosto tanto deste título)





Via-te do outro lado como se de um abrigo subterrâneo saísses: cauteloso e espantado com a luz que brilhava sobre os telhados. ainda trazias o casaco comprido de inverno, podia ter feito um sinal, podia-te ter feito perguntas - havia entre nós a rua como água
...
a mim salvou-me o tempo, a distância, este poema.

Miriam van Hee

desde que moro aqui, mando longas cartas para a casa anterior. Lá, podia dormir, vigiar, silêncio e escuridão aí reinavam, como no sedutor vazio rítmico e opressivo de poemas por escrever.

Leonard Nolens

sonho com uma dor vermelha: dor saindo de mim como uma bela ferida - como se flores me saíssem das veias: um molho de amarílis em chamas.

Peter Verhelst

Não tinha ideia. Escolhi a paz. A verdade e a beleza deixei-as ir, e também a sageza e a nostalgia - até o amor, que tão embevecido me olhava, negras nuvens com ele se deslocavam. Paz, era paz. E nos recônditos da minha alma dançavam seres de que nunca tinha sequer ouvido! E no céu pendia um outro sol.

Toon Tellegen


excertos de poemas (com ligeira alteração frásica)

Sem comentários: