28.10.08

Em nome da Terra



Estou sentado e a luz é escassa neste espaço aberto à noite. Há só uma lâmpada que me cai nestas palavras, e um livro onde já deixei os olhos e li um sorriso.



Olho-te, Maria, e toco-te com a mão nos teus cabelos loiros. Dormes já, e eu leio o livro onde já li um sorriso. A luz é escassa, toco-te na face, aconchego-te também a ti o sono. E leio. Leio em nome da terra que há-de ser nossa como te hei-de um dia baptizar outra vez no noso amor. Em nome da terra, em nome dos astros, em nome da perfeição.

José,
Não durmo, mesmo que a luz seja escassa neste espaço aberto à noite. Vejo-te mesmo com os olhos cerrados porque o meu coração é aberto ao teu. Vejo-te e ouço-te dizeres essas palavras que sussurras para ti, esse livro que lês com a serenidade que te caracteriza. Prometo...que festejaremos os anos que passam, que os colchões onde agora nos aconchegamos pela mudança serão camas, o amor o mesmo. Que baptizaremos o nosso amor em nome da terra, dos astros e da perfeição. Porque também eu já folheei esse livro.


Jorge Reis-Sá
in Os Esquilos de Long Island
(excertos de Em nome da Terra, de Vergílio Ferreira)


Imagem de Alaya_Gadeh

3 comentários:

clarinda disse...

Pois serão assim os amantes. Falarão sozinhos antes de se falarem. Vergílio Ferreira é sempre para mim a fabulosa Évora.

Beijinhos

moriana disse...

Os amantes. Estes partilhavam o mesmo espaço. Tinham três filhos, diz o texto.

bjs.

moriana disse...

jaime a., só poderia repetir as palavras que já sabes :)

em breve colocarei o post, pode ser?

grata pela escolha.